por Henrique Marques Porto
A área cultural do Rio de Janeiro,
particularmente no que diz respeito à música, à ópera, ao balé e ao Theatro Municipal,
tem vivido nos últimos dias momentos agitados e de muita tensão. E não é para
menos.
O final do ano se aproxima e até agora o
Theatro Municipal não anunciou nenhuma programação, ideia, projeto ou esboço de
plano para 2013. O TMRJ está absolutamente paralisado pela falta de iniciativa
de seus gestores. A agenda para o próximo
ano está lamentavelmente em branco.
O assunto vem ocupando amplo espaço em blogs
e nas redes sociais, e já chegou à grande imprensa, em duas matérias publicadas
no último domingo, dia 18, pelo jornal “O Globo”. Nas matérias, a presidente do
TMRJ, a diretora e produtora de cinema Carla Camurati, foi ouvida e teve espaço
para dar suas explicações. Não convenceu. Ao contrário, produziu nova onda de
protestos e acentuou as campanhas que o meio musical e o público do Rio já vinham
fazendo.
O mesmo “O Globo” repercutiu o assunto, desta
vez na “Coluna do Ancelmo”, assinada por um dos mais respeitados jornalistas
brasileiros, o colunista Ancelmo Góis. Ancelmo, que nunca sofreu do fígado e sempre
privilegia o bom humor em seus textos, abordou em pequena nota as dificuldades
que o TMRJ vem enfrentando para montar a opereta “A Viúva Alegre”, de Franz Lehar, numa adaptação da produção de
Jorge Takla encenada em outubro pelo Palácio das Artes, de Belo Horizonte. É
que faltavam figurinos para vestir o Coro! Parece piada, mas é verdade. Por essa razão prosaica o conjunto foi
reduzido, deixando constrangidos o diretor de cena, Lício Bruno, e o maestro do Coro,
Maurílio da Costa.
E quem apareceu no espaço de Ancelmo para dar
explicações "artísticas" sobre o imbroglio? A
própria Secretária do Estado de Cultura, Adriana Rattes! Intencionalmente ou por
descuido, a Secretária interrompeu seu expediente e passou por cima dos
responsáveis diretos pela remontagem carioca da opereta. Adriana Rattes, que
sequer acompanha de perto os ensaios, atropelou o diretor cênico, o barítono
Lício Bruno, que é um profissional sério, e também a direção artística do
teatro e até a própria presidente –as únicas pessoas qualificadas para tratar
do assunto.
Até um observador pouco atento vai reparar
que na área da cultura os gestores estaduais estão “batento cabeça” e metendo os pés pelas mãos.
Não se sabe até quando o governador Sérgio
Cabral vai ter paciência para continuar tolerando tanta trapalhada e ineficiência
justo num setor que lhe é tão caro e onde seu nome tem grande tradição e
respeito –um legado de seu pai, o jornalista, escritor e pesquisador Sérgio
Cabral.
O Governador não deve estar sendo corretamente
informado sobre o que se passa na área cultural de seu governo, e sobretudo no
principal teatro da capital e do Estado. Não fosse assim já teria tomado providências.
A presidente do Theatro Municipal e seu
diretor artístico perderam há muito tempo o apoio dos funcionários da casa e agem
sem nenhuma autoridade ou coordenação. A impressão corrente no meio musical
carioca é que perderam a capacidade de administrar o TMRJ.
Daqui deste modesto posto de observação só se
pode vislumbrar uma solução: promover profundas mudanças na gestão cultural que
está sob a responsabilidade do Governo Estadual. E a expectativa é que isso
aconteça até o início do próximo ano. Deixar para mais adiante, postergar, será
pura perda de tempo e só fará aumentar o desgaste do Governo na área, que já é
grande.
Tudo tem prazo de validade. Até as nossas
vidas, que não passam de “sopros”,
como ensina o mestre Oscar Nyemeyer.
O prazo de validade dos administradores do
Theatro Municipal venceu faz tempo! Estão cansados e com pouca autoridade sobre
a instituição. O Governador do Estado e seus assessores diretos já devem ter
reparado nisso. Como já devem ter notado a disponibilidade de outros profissionais
reconhecidamente bem sucedidos na administração de políticas e projetos culturais,
particularmente no campo da música, da ópera e do balé.
Não há nada de pessoal nesta opinião.
O Opera
Sempre não tem compromissos políticos, e muito menos compromissos com
este ou aquele nome. Mas é a realidade! Dela não há como escapar nem por artes
da engenharia política.
Chegou a hora de renovar e mudar radicalmente
os rumos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E mudar e renovar é sempre
bom.
Concordo plenamente.A. Camuratti e seus asseclas já deu o que tinham que dar e a Adriana do Teatro Municipal não entende NADA.Lembram se da administração do Fernando Bicudo?Que glória.Vamos lá Governador....Diana Zaidman.
ResponderExcluirA "Mocinha" que, só por q filmou uma ópera e é "oriunda" foi alçada à condição de "especialista" do gênero lírico NUNCA deveria ter se metido (ou ter sido metida) no TMRJ!
ResponderExcluirAnônimo,
ExcluirÉ verdade. Foi um erro convidá-la para o cargo. Erro maior está sendo mantê-la.
Nada tenho de pessoal contra Carla Camurati, mas é a pessoa errada no lugar errado.
No Brasil e no Rio de Janeiro temos profissionais ligados à música, ao balé e ao concerto muitíssimo mais qualificados para assumir a função. Ela própria deveria perceber o enorme desgaste pessoal que representa a sua permanência à frente da administração do TMRJ. Perdeu inteiramente as condições de dirigir o teatro. É essa a impressão quase unânime no meio musical do Rio de Janeiro.
Um pouco de realismo e bom senso só traria benefícios a ela.
Henrique Marques Porto