por André Vital
Adoro as enquetes tipo "obras e
discos que você levaria para uma ilha deserta", simplesmente porque tenho
a resposta na ponta da língua; as obras seriam o Parsifal e/ou ( se pudesse levar duas...) a "Arte da
Fuga" do Mestre Bach.
No caso do Parsifal também tenho de
pronto a resposta - Karajan DG, a sua primeira gravação digital feita (se bem
que não a primeira a ser lançada) -a palavra e o conceito perfeição, bem como a
sua realização, são provavelmente para uma realidade inefável,
mas se uma interpretação chegou perto, certamente foi esta!
Não estou falando das óbvias
limitações e percalços que atingem 100% das gravações de ópera; tanto o tenor
como a cantora que faz a Kundry são
mais alvo de críticas do que louvores, e mesmo no caso dos outros solistas,
sempre se pode reclamar de alguma coisa...a "Perfeição" a que me
refiro está mais para aquele conceito euclidiano do todo ser maior que a soma
das partes. Se se pudesse resumir em poucas palavras o fenômeno desta
interpretação, seria com a expressão "mensuração áurea"!
Proporções e escolha de tempos,
individualmente em cada momento e entre si, do menor micro ao maior macro do
universo da obra final wagneriana; equilíbrio (quase) perfeito entre fusão e
clareza individual de timbres e instrumentos, ou seja plasticidade e hedonismo
numa perfeita aliança.