por Henrique Marques Porto
O destaque da agenda lírica mundial para este final de ano é
um evento que vem gerando muitas expectativas e despertando também alguma
polêmica antecipada. O Teatro Colón de Buenos Aires, em co-produção com o
Festival de Bayreuth, vai encenar uma “versão reduzida” do “Anel do
Nibelungo”. As quinze horas de “O Ouro do Reno”, “Walküre”, “Siegfried” e
“Gotterdamerung” serão reduzidas pela metade. Quem assina a adaptação é o
maestro Cord Gorben. O pano se abrirá ao meio-dia e fechará por volta da
meia-noite, com dois ou três intervalos, na estreia marcada para 27 de
novembro.
Boa parte do mundo da ópera mundial estará com os olhos postos
em Buenos Aires. Katharina Wagner, bisneta do compositor e atual diretora do
Festival de Bayreuth, investiu alto no projeto, que acredita ser inovador e em
conformidade com as ideias de Richard Wagner. Katharina criaria um produto novo
a ser oferecido a outros centros em todo o mundo, no quadro dos festejos do
bicentenário de nascimento de Wagner.
O tradicional Colón, por seu turno, investe de forma decidida
na busca de sua justa reinserção na agenda lírica internacional. Um exemplo que
Rio de Janeiro e São Paulo deveriam tentar seguir.
Mas, nem tudo são flores nos jardins de Bayreuth e Buenos
Aires. Katharina Wagner não é propriamente uma unanimidade à frente de Bayreuth.
A família Wagner, ou parte dela, é tradicionalmente beligerante quanto ao comando
do famoso festival e torce o nariz para o projeto de Katharina. O fracasso do projeto
“Colón/Ring” daria argumentos aos seus opositores internos, que não escondem a
torcida contra.
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Katharina Wagner, atleta na juventude, especialista em corrida de obstáculos. |
Por outro lado, é grande a tensão entre Katharina Wagner e a
direção do Colón nas vésperas da estreia. No mês passado, a bisneta de Wagner
visitou Buenos Aires e irritou-se com o que viu: “-Lamentavelmente encontramos condições em que não se pode trabalhar.”
–disse Katharina sem meias palavras. A direção do Colón contestou, argumentando
que problemas existem, mas vem sendo solucionados.
Henrique, quando anunciado este programa, eu até pensei em dar uma chegada em Baires. Depois, desanimei, sobretudo porque achei que não ia gostar dos cortes. Não vejo como possa dar certo esse tipo de "compacto" em ópera de Wagner, especialmente as do Ciclo do Anel. Qual terá sido o critério de corte? E como cortar parte do que foi escrito com base no conceito de "obra de arte total", em que os Leitmotiv se entrelaçam e a música segue "inconclusa", em que as vozes têm caráter instrumental, etc.
ResponderExcluirNão é o mesmo que cortar um balé de uma ópera de Verdi e, ainda assim, correndo-se o risco de mutilar o ato de composição.
Vamos ver no que vai dar isso...
Comba,
ResponderExcluirAcho que já é possível afirmar que o projeto "Colón/Ring" é o fiasco do ano. Katharina Wagner abandonou a direção do espetáculo, deixando o "mico" na mão do Teatro Colón, que investiu 7 milhões de pesos na produção. Muito dinheiro. Os quatro espetáculos programados foram reduzidos a dois. A parceria Colón-Bayreuth está formalmente encerrada. A bisneta de Wagner e o diretor do Colón, Pedro Pablo García Caffi, ficaram muito mal nessa história. Em Buenos Aires já se fala em "intervenção branca" no Colón; em Bayreuth, não demorará muito para a conta ser apresentada a Katharina Wagner.
beijão
Henrique
Anel DO Nibelungo; des= genitivo singular.
ResponderExcluirGrato
Anônimo,
ExcluirQuem escreve está sempre sujeitto a esses lapsos.
Obrigado pela correção.
Henrique Marques Porto