quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Giangiacomo Guelfi 

 

Uma das mais poderosas vozes de barítono da segunda metade do século passado silenciou. Giangiacomo Guelfi morreu hoje em Bolzano, aos 87 anos. Ele estava hospitalizado há uma semana. A notícia foi dada por sua família. 

Guelfi nasceu em Roma, no dia 21 de dezembro de 1924. Estudou direito antes de se dedicar ao canto. Foi aluno de Tita Ruffo, um ícone da ópera em todos os tempos. Sua estréia foi em 1950, cantando o Rigoletto na cidade de Spoleto. Dois anos depois estreou no Teatro alla Scalla. A carreira se desenvolveu rápido, o que o levou a todos os principais teatros de ópera do mundo.

Guelfi foi um cantor de excepcionais recursos. A voz era generosa, de timbre denso e volume enorme. Na história do canto só houve similar no jovem Carlo Galeffi, com quem tinha muitas afinidades. Era excelente intérprete dos papéis verdianos, mas a voz rendia de forma especial no verismo. Seu Scarpia, da Tosca, de Puccini, era perfeito, vocal e cenicamente. 

Giangiacomo Guelfi cantou no Rio de Janeiro no final dos anos 50, em 1964 e em 1969. Inesquecíveis a Tosca e a Fanciulla del West de 1964, com Magda Olivero. Nessa temporada cantou também o Macbeth, de Verdi, com a soprano Marcella de Osma. Em 1969 se apresentou pela última vez para a platéia carioca, em curta temporada com o elenco de Teatro San Carlo de Napoles. Cantou o Nabucco, de Verdi, e La Gioconda, de Ponchielli, contracenando com Elena Suliotis e o tenor Gianni Raimondi.  

Guelfi é uma voz rara, dessas que surgem em intervalos de muitas décadas. O título correto deveria ser "Giangiacomo Guelfi não morreu!" A voz de Guelfi permanecerá viva por muitos anos nas gravações e na memória dos que tiveram o privilégio de vê-lo cantar.

La Gioconda - Dueto e Ária - Gian Giacomo Guelfi 

e Gianni Raimondi - Rio de Janeiro, 1969