segunda-feira, 22 de abril de 2013

Entre belezas e temeridades. A estreia de “Aida”






por Comba Marques Porto

A montagem desta Aida despertou o entusiasmo do público. Afinal, era a primeira ópera da "temporada" de 2013. Era a comemoração do bicentenário de nascimento de Verdi. Era a estreia do maestro Karabtchevsky na direção da programação de ópera do TM. Era a primeira ópera montada depois dos noticiados conflitos entre a administração do teatro e seus corpos estáveis, estes fragilizados pela inércia dos gestores quanto à realização dos concursos públicos necessários à completar os conjuntos e, assim, estruturar suas atuações em temporadas bem planejadas, dando vida à casa que, lamentavelmente, mais vem servindo à locação para eventos variados do que à apresentação dos programas mais condizentes com sua história, a ópera em especial.  

Aida não é uma ópera popular por acaso. É muito mais que a sua Marcha Triunfal. É obra que transcende o fato de ter sido escrita por encomenda para a comemoração da abertura do Canal de Suez. A partitura desta ópera contém trechos belíssimos, verdadeiro alento para quem vai à ópera em busca da boa música. Quando bem executada, podemos sorver toda a riqueza da escrita de Verdi. 

Sempre me emociono com o final do 2º ato. Verdi de fato soube conquistar o público com aquela configuração em tutti, aliás, presente em outras de suas óperas: solistas em sexteto, coro, vigorosa massa orquestral.

domingo, 21 de abril de 2013

Na estreia de "Aida", no Rio, o sucesso foi de "Amnéris".



Anna Smirnova recebe os aplausos do público


por Henrique Marques Porto


Todo amante de ópera já deve ter imaginado, ou ouvido alguém comentar, que a ópera Aida poderia se chamar Amnéris, dada a força dessa personagem e a beleza com que Giuseppe Verdi a vestiu musicalmente. 

Foi assim a estreia da Aida, na noite de sábado, dia 20, quando o Theatro Municipal do Rio de Janeiro reabriu suas portas para a ópera, depois de nove meses. A mezzo russa Anna Smirnova, no papel de Amnéris, colocou o espetáculo no bolso, como se diz no jargão teatral. Num elenco desigual, não foi difícil para Smirnova situar-se muitos degraus acima dos demais. Impressionou desde as primeiras intervenções. Ótima no dueto “Fu la sorte dell'armi a' tuoi funesta”. Magnífica na Cena do Julgamento. A direção de cena do respeitado Iacov Hillel poderia ter ajudado, dando-lhe o espaço de todo o palco, que realçaria a solidão, o remorso e o sentimento de culpa de Amnéris. Além de excelente cantora, Smirnova possui bons recursos teatrais e teria tido a chance de valorizar ainda mais a famosa sequência. 

O sucesso de Anna Smirnova foi diante de um público que lotou o Theatro Municipal e que reuniu antigos frequentadores do theatro e muitos jovens que vão se aproximando da ópera. Casa à cunha. Os ingressos para as outras quatro récitas já estão esgotados. O interesse do público carioca pelo gênero é tão grande que o TMRJ poderia oferecer pelo menos uma récita extra.