quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Met 2011/2012: Netrebko é Ana Bolena




Esse ano, Viena assistiu a uma magnífica exibição de Ana Bolena de Gaetano Donizetti, compositor italiano de Bergamo (1797-1848). A platéia recebeu o espetáculo com raro entusiasmo, beirando os limites da apoteose. Boa parte se deve ao prestígio crescente da soprano russa Anna Netrebko, a diva do momento, em palcos de todo o mundo. O Rio de Janeiro terá a oportunidade de vê-la através das telas de cinemas no dia 15 de outubro, com gravação e espetáculo encenado no Metropolitan Opera House de New York. Esse status de diva, atribuído à Anna Netrebko, vem da beleza de sua voz e do que seria uma tentativa de seguir os passos de Maria Callas, quando rompendo com o repertório tradicional lírico e dramático, enveredou pelos caminhos do bel canto com óperas como Ana Bolena, sua 33ª ópera (1830), Lucia de Lammermmour, sua 47ª (1835) e Dom Pasquale, 69ª (1843), Norma, Il Puritani, La Sonambula, Armida. No meu conceito pessoal, essa comparação entre Callas e Netrebko é absolutamente inócua e muito difícil de ser avaliada. Os que conheceram Maria Callas guardam dela a sua personalidade vigorosa, o seu charme, o seu temperamento felino, além de uma voz única, que com uma extensão enorme e um timbre próprio, percorria os registros de meio soprano e as mais altas notas de soprano. Poderíamos defini-la como meio soprano, soprano liríco, dramático, coloratura, sfogatto. A avaliação entre as duas vozes peca pelo fato de termos uma Ana Bolena de 1957, remasterizada em 1997, onde completavam o elenco Gulietta Simionato e Nicola Rossi Lemeni no Teatro Scala de Milão. No próprio fascículo que acompanha os dois CD's, o fabricante lamenta a pobre qualidade técnica da gravação por deficiências na tecnologia da época. Nas gravações da atualidade, Netrebko tem a seu dispor um aparato de tecnologia que Callas, Gigli, Caruso ou Mário Del Monaco jamais puderam sonhar. Como compará-los então?
Até a próxima!

Um comentário:

  1. O vídeo é da montagem de "Anna Bolena" da Wiener Staatsoper. O YouTube andou cortando os vídeos da versão mais recente do Met. Restou apenas um. Em matéria de "Coppia iniqua", gostei mais dessa:
    http://www.youtube.com/watch?v=MvBHz2seEiw

    Henrique

    ResponderExcluir