por Henrique Marques Porto
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro –o mais
importante e tradicional teatro da Cidade –tem sido assunto frequente aqui no
Blog. Infelizmente, não para comentar a programação, mas para denunciar suas
mazelas e a comprovada incompetência de seus principais administradores.
A contratação, no início do ano, do maestro
Isaac Karabitchevsky trouxe alguma esperança de mudança na situação. Não mudou
nada. O maestro aceitou a incumbência menor
de “programador de temporada” e não assumiu a direção artística do Theatro,
como foi anunciado na época de sua chegada. O cargo estratégico é ainda ocupado
oficialmente pelo antigo titular, seu colega Silvio Viegas. Karabitchevsky, um
nome respeitado, dá sinais de que se acomodou aos esquemas implantados desde
2007 pela presidente da Fundação Theatro Municipal, a Sra. Carla Camurati, cuja permanência no cargo por tantos anos é absolutamente inexplicável e desarrazoada.
O resultado está aí: estamos chegando ao fim
do ano com mais um balanço negativo, não muito diferente do apresentado nos anos anteriores.
Tivemos mais do mesmo, ou seja, quase nada. Nem os bicentenários de Verdi e Wagner,
festejados no mundo inteiro, serviram de inspiração aos dirigentes do Theatro. No Rio, os dois gênios da música não receberam a
atenção que mereciam. Agora, “Inês é morta”. Outra oportunidade como essa só
daqui a cem anos. No caso da ópera, a "temporada" fechará com “Billy Budd”, que
lembrará o centenário de Benjamin Britten, e que se somará a “Aida”, de Verdi,
e “Die Walküre”, de Wagner. Três títulos em doze meses; um bolinho com uma
única vela para cada aniversariante, servidos com as desculpas esfarrapadas de
sempre, que mais escondem e sugerem desconfianças do que explicam.
De positivo mesmo há a firme reação dos artistas
com o apoio do público. Depois de muita luta os funcionários do Theatro
conseguiram do Governo do Estado a autorização para a realização de Concurso
Público para preencher as muitas vagas abertas, mas a conquista só beneficiará os corpos artíscos. As áreas técnica e administrativa não foram contempladas. O último concurso foi em 2001. Ainda assim, foi uma vitória importante, um grande passo na defesa do maior teatro do
Rio de Janeiro.
No dia 24 de outubro, quinta-feira, às 13 horas,
artistas e público têm um encontro marcado nas escadarias do Theatro Municipal,
na Cinelândia. Quando artistas precisam sair à rua em defesa da Ópera, do Balé e do Concerto no Theatro Municipal, que para essa finalidade é mantido pelos impostos pagos pela população, é porque a situação é muito grave mesmo. O Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação
Cultural do Estado do Rio de Janeiro-SINTAC está divulgando a seguinte “Carta à
População”:
“Os artistas do Theatro Municipal do Rio de
Janeiro vêm a público manifestar sua insatisfação com a atual gestão da
Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A Temporada Oficial dos Corpos Artísticos vem
sendo diminuída e depreciada a cada ano, desde a posse da atual gestão em 2007.
As temporadas dos espetáculos realizados tradicionalmente pelos Corpos Artísticos vêm sendo substituídas por exibição de
filmes.
O Theatro Municipal não é CINEMA.
Os projetos sociais realizados pelos Corpos
Artísticos da FTM/RJ foram desativados: “Espetáculos para as Escolas Públicas”;
“Domingo a Um Real”; “Ópera ao Meio Dia”.
O reconhecimento de Direitos dos funcionários
vem sendo desrespeitado constantemente. Os quadros de pessoal da FTM/RJ estão
completamente esvaziados, necessitando de concurso público para todas as áreas:
Artística, Técnica e Administrativa. É urgente a reposição salarial para os
servidores do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A atual gestão vem tratando com extremo
descaso os artistas, técnicos e administrativos. A falta de comprometimento com
a Temporada Oficial da FTM/RJ é um atentado contra a cultura pública e um
destrato com a população do Rio de Janeiro."
Sindicato dos Trabalhadores em Entidades
Públicas da Ação Cultural
do Estado do Rio de Janeiro-SINTAC
Fico muito triste em saber que a situação do teatro municipal é essa.
ResponderExcluirTenho minhas recordações de quando lá estive atuando na orquestra,e a programação era bastante rica, na realização de óperas e ballet.
Espero que essa situação se reverta,e que a orquestra possa estar atuando como antigamante.
Quem disse que as vagas dos corpos artísticos foram preenchidas?
ResponderExcluirComo foram oferecidas menos vagas do que as autorizadas , o que houve foi a dimininuição ao invés de aumentar.