por Henrique Marques Porto
Os canais de informação do Theatro Municipal do Rio com o público parece que entraram em pane -não bastasse todo o resto. Mas, no pequeno e incerto mundo da música carioca, tudo se sabe e nada se sabe com certeza.
Há semanas circulam no meio musical carioca informações sobre a temporada 2013. Empresários de cantores já teriam em mãos, há algum tempo, uma lista com títulos de óperas que o TMRJ pretenderia montar. Ora, informações que já circulam publicamente sobre uma instituição devem ser confirmadas, corrigidas ou desmentidas. No entanto, o silêncio do Theatro Municipal é ensurdecedor. (Continua)
Comenta-se, por exemplo, a montagem de Aida, com cenários de Hélio Eichbauer, no final de abril e início de maio, com solistas internacionais nos principais papéis. Se é verdade, já deveriam ter começado os primeiros ensaios, pelo menos com o Coro e a Orquestra, muito exigidos nessa ópera tão conhecida e tão difícil para todos os envolvidos.
Em julho teríamos a remontagem no Rio de A Walquíra, destaque da temporada paulista no ano passado. Eliane Coelho encabeçaria o elenco, sob a direção de Luis Fernando Malheiros. Entre uma e outra (em maio e junho), subiria ao palco do TM o balé O Lago dos Cisnes.
Não há informações sobre a programação para o segundo semestre do ano, a não ser o que todo mundo já sabe: faltam recursos financeiros para a programação. Mas há muito dinheiro na área da cultura destinado a outros projetos, que seriam prioritários para os gestores da cultura no Estado.
Até aqui não há também nenhuma informação sobre uma temporada de concertos. O público carioca quer ver a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal também no palco e não apenas no fosso, acompanhando óperas e balés. Colocar em ação a orquestra da casa seria inclusive uma forma de preencher as lacunas da programação sem onerar o apertado orçamento do Theatro.
Até aqui não há também nenhuma informação sobre uma temporada de concertos. O público carioca quer ver a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal também no palco e não apenas no fosso, acompanhando óperas e balés. Colocar em ação a orquestra da casa seria inclusive uma forma de preencher as lacunas da programação sem onerar o apertado orçamento do Theatro.
O anúncio do maestro Isaac Karabichevsky para a Direção Artística do TM gerou boas expectativas, mas quem acompanha a realidade do mundo musical brasileiro, especialmente o do Rio de Janeiro, sabe das dificuldades que ele deve estar enfrentando. É compreensível, portanto, que a temporada deste ano tenha a marca, sempre indesejável, da improvisação. Com boa vontade, é preciso admitir que não poderia ser diferente, já que não havia nada pensado, sugerido ou esboçado. O que se espera é que a nova direção artística já esteja trabalhando no planejamento das temporadas futuras.
No entanto, Karabichesky já deveria ter tomado algumas iniciativas que facilitariam o seu trabalho, a começar por aquelas que ele próprio anunciou nos jornais –reuniões com representantes dos corpos artísticos do Theatro e com representantes da sociedade. Sem falar no anúncio de sua equipe de trabalho.
Em meio a essas especulações sobre a temporada de 2013, uma ótima notícia: a aprovação pelo Governador do Estado da realização de concurso público para o preenchimento das muitas vagas necessárias para recompor a Orquestra, o Coro e o Balé, pondo fim aos infames e, em alguns casos ilegais, “contratos temporários”. Uma indiscutível vitória da intensa campanha feita pelos artistas do TM nas redes sociais. Até por conta disso, realizar uma reunião com os corpos estáveis do TM é mais do que oportuno, é indispensável nesse momento. O Governador aprovou o concurso, mas a responsabilidade de convocá-lo é da direção do TMRJ, de quem se espera tenha o bom senso de não procrastinar uma decisão tomada no andar de cima da administração estadual.
Fiorenza Cedolins - Aida
Lamentável esta incerta temporada lírica carioca. São Paulo vai melhor com o anúncio de uma temporada visivelmente planejada. O pior é que não há justificativa consistente para que no Rio não seja assim. Esses governos gostam tanto de falar em parcerias! Por que não uma parceria entre Rio e Sampa no terreno da ópera? Todos ganhariam com isto - músicos, solistas e também o público, especialmente a turma que vive no Rio. Economizaríamos com despesas de passagem e hotel, já que para ver ópera ao vivo, só fora da "cidade maravilhosa". Não é nada justo que assim seja. Em outros setores de culrura sob responsabilidade do Governo Estadual o desempenho é até melhor. Afinal, o que há no Rio com a opera? No final do ano passado foi anunciada uma obra milionária destinada ao acervo, quando o público de ópera sabe que este já se encontra inteiramente danificado. Não seria melhor investir mais nas temporadas líricas e modestamente cuidar de salvar o pouco que resta de cenários e figurinos da rica história do Theatro Municipal? Pelo menos arranjar um lugar seguro para guardar e tratar do que resta? Que estranha prioridade é esta da Administração - investir alta soma no passado abandonado de um Teatro sem futuro?
ResponderExcluirMas, apesar de tudo, sejamos otimistas. E repito aqui o que já falei num circuito mais restrito. Se acontecer o que se desenha, muito deveremos aos Marques Porto que tanto e há tanto tempo vêm contribuindo com a ópera no Rio e que, atualmente, nos presenteiam com esse blog.
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