sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Isaac Karabtchevsky assume a Direção Artística do Theatro Municipal do Rio de Janeiro





por Henrique Marques Porto

O Theatro Municipal do Rio de Janeiro anunciou hoje a nomeação do maestro Isaac Karabtchevsky para a direção artística da casa no lugar do maestro Silvio Viegas, que continuará a frente da Orquestra Sinfônica do teatro.  O anúncio é, claramente, um primeiro resultado das pressões que os gestores atuais do Theatro Municipal vêm sofrendo nos dois últimos meses.  

Karabtchevsky pode dar qualidade e regularidade à programação do Theatro Municipal. Mas precisará de liberdade e autonomia para agir. E ele não aceitaria trabalhar sob a tutelagem da Sra. Carla Camurati, presidente do TM. Vista desse ângulo, a nomeação de Isaac Karabtchevsky soa como uma espécie de "intervenção branca", ainda que o convite tenha sido feito oficialmente pela presidência do TM -nem poderia ser de outra forma.

Nas suas primeiras declarações, Karabtchevsky, que é filho de cantora lírica, anunciou que dará destaque à ópera em 2013, um ano em que o mundo festejará os bicentenários de nascimento de Giuseppe Verdi e Richard Wagner. 

"-O foco na ópera é uma prioridade com certeza. Esse é um ponto essencial da temporada deste ano. Um ano assim só se repetirá daqui a um século!"

A presença de Karabtchevsky na direção artística do Theatro Municipal dá respeitabilidade ao cargo e à instituição, e esperanças ao público de ver seu maior teatro com uma programação digna, que ponha fim à estagnação em que vive desde 2007. 

Por isso mesmo sua agenda será pesada. De imediato terá que enfrentar o urgentíssimo problema dos desfalcados Corpos Estáveis, principalmente a Orquestra e o Coro. Sem eles é impossível organizar qualquer programação, principalmente óperas. E o maestro já advertiu que não aceita os padrões da mediocridade.

"-Pretendo inserir a temporada artística do Municipal dentro do mesmo contexto que está cercando o Rio como uma cidade luz, que vai receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Esse é o meu compromisso não só com o governo, mas com a população do Rio. Grandeza de programação e aporte qualitativo são essenciais. Sem qualidade, não há como colocar o Rio dentro de um cenário artístico importante."  -afirmou o maestro ao jornal "O Globo" de hoje.

Karabtchevsky promete ainda que vai se reunir "com os representantes da sociedade, assim como com os representantes dos corpos artísticos do Municipal". Segundo a matéria de "O Globo", a temporada de 2013 deve ser anunciada não no final de janeiro, como afirmou Carla Camurati, presidente do TMRJ, mas em meados de fevereiro.

O que se espera é que o Governo do Estado honre o nome e as intenções do maestro e dê a Karabtchevsky os recursos e os meios necessários para desenvolver seu trabalho.     





16 comentários:

  1. Henrique, parabéns a esse blog que não se calou contra a má gestão no Theatro Municipal! Valeram todos os protestos, as críticas, as campanhas aqui e no Facebook. A chegada do Maestro Karabtchevsky, mesmo como Diretor Artístico, já nos enche de esperança. Gostei de ter lido no Globo que "Karabtchevsky assume a direção artística do Municipal no momento em que a programação da casa vem recebendo duras críticas em relação à qualidade e à quantidade de espetáculos que vêm sendo apresentados nos últimos anos, principalmente em 2012". O ano de 2013 já começa a soar mais musical. E a luta continua! ;)
    Beijos.
    Helô

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  2. Caro Henrique Porto.
    Agradecemos o seu interesse pelo nosso querido Theatro Municipal.
    Observamos em 2012 uma frequente série de postagens em seu blogue, Ópera Sempre, e em sua página no Facebook contendo questionamentos sobre a programação desta Casa e acerca da gestão da Fundação Teatro Municipal. Temos constatado também que em algumas dessas publicações há informações equivocadas e comentários baseados em interpretações discutíveis.
    Em respeito a sua idade e ao seu profissionalismo, senhor Porto, gostaríamos de convidá-lo a uma visita ao Theatro Municipal para que possamos sanar suas dúvidas e mostrar que as realizações desta Fundação resultam de um árduo trabalho.
    Aguardamos seu retorno para agendar um encontro.
    Atenciosamente,
    Carlos Henrique Braz
    (21) 2332-9238 / (21) 2332-9228
    ascomtheatromunicipal@gmail.com

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    1. Carlos Henrique Braz,

      Obrigado pelo frescor juvenil da visita. Você se refere ao “nosso querido Theatro Municipal”.
      Certamente não falamos da mesma instituição. O vosso teatro é um; o verdadeiro Theatro Municipal, o que eu conheço bem há mais tempo do que você imagina, é outro muito diferente.
      Na aparente gentileza do convite para “uma visita” há um erro de princípio. Coisa simples de entender. A Fundação Theatro Municipal é um órgão público, mantido pelo Governo do Estado com os impostos que arrecada junto à população do Rio, inclusive os meus. Até esse e-mail que você enviou foi pago por ela, a população. Nenhum –repito, nenhum- cidadão do Rio de Janeiro precisa de convites para visitar o Theatro Municipal, onde deveria ter uma placa na entrada com a inscrição: “Entre, a casa é sua! Em dias de espetáculo, por favor compre um ingresso”.
      Agradeço o mimo do convite. Mas não é a mim pessoalmente que os gestores do Theatro Municipal devem explicações ou esclarecimentos. Que prestem contas publicamente! Assim manda a boa regra na Administração Pública.
      Mesmo assim, agradeço mais uma vez. No entanto, prefiro aguardar a reunião que o maestro Isaac Karabtchevsky prometeu fazer “com os representantes da sociedade”. Mesmo que ele não inclua humildes blogueiros como eu entre seus convidados, com certeza estarei bem representado.
      Quanto às minhas “interpretações discutíveis”, a ideia é essa mesma, meu caro: eu as publico precisamente para serem discutidas. Portanto, discuta à vontade.

      Henrique Marques Porto

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  3. Numa época em que a juventude passou a ser um valor em si, quase sempre que se diz: “em respeito à sua idade”, o que se quer é desqualificar a pessoa exatamente em razão da idade.

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    1. Pensei a mesma coisa, Marcos. Faltou elegância ao Sr Carlos Henrique Braz, Assessor de Comunicação do TM.
      Beijos.

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    2. Marcos e Helô,
      É explicável. Além do cargo que ocupa no TM, Carlos Braz é (ou foi) repórter da "Veja Rio", da Editora Abril, o lugar onde se pratica e se publica o pior do jornalismo nacional.

      beijão
      Henrique

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  4. Pode ser que o Sr. Carlos Henrique Braz esteja a confundir o Henrique Agostinho Marques Porto, coordenador do blog "opera Sempre" com o jornalista Henrique Marques Porto, crítico musical, nosso pai. Ou então esteja mesmo desqualificando as críticas do Henrique à atual administração do TMRJ, pelo viés do preconceito contra pessoas idosas, ao sugerir que o Henrique escreve é coisa do velho implicante. Deselegância, sim, não lhe faltou. E, de uma forma ou de outra, pecou pelo desconhecimento.

    Henrique Marques Porto, que muito escreveu sobre ópera na grande imprensa carioca, faleceu em 1969. E o Henrique do "ópera sempre", seu filho e meu irmão, ainda não está inteiramente estabelecido na faixa etária dos idosos. Nem pode ainda obter o benefício de andar gratuitamente de ônibus...

    Ademais, não está só em suas críticas à administração do TMRJ. Em verdade, com sua verve jornalistica, o Henrique apenas traduziu em palavras o sentimento de decepção de artistas e do público em geral com a programação pífia dos últimos anos. A falência da programação, notadamente das temporadas líricas, é fato indiscutível. E quem há de responder por isto? Os gestores da Fundação TMRJ, o Governo do Estado - é óbvio!

    Convidar o Henrique para "uma visita ao Theatro Municipal", Sr. Carlos, não resolve o problema. A administração do Theatro deve explicações, sim. Aí, sim: questão de respeito. Mas não só ao Henrique mas ao público de ópera, aos apreciadores de música e cultura, aos cidadãos que pagam impostos e são destinatários de uma política cultural à altura da tradição histórica do Theatro Municipal e da cidade do Rio de Janeiro.

    Se a administração está envolvida em "árduo trabalho", lamento, Sr. Braz. Não é o que transparece. Que sejam esclarecidas - e não só ao Henrique - as supostas "informações equivocadas" e "interpretações discutíveis" porventura contidas nas matérias publicadas neste blog. Os administradores estariam prestando um grande serviço ao especificá-las. As justificativas até hoje apresentadas, sinceramente, não são convincentes.

    Se o Ano Novo infunde alegria e esperança, a notícia sobre a chegada do Maestro Karabtchevsky à direção artística do Municipal permite sonhar com a recuperação de nosso legendário teatro de ópera.

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    1. Comba,

      Já que a presidência do TM, em meio ao "árduo trabalho" que desenvolve, tem espaço na agenda para convidar-me para uma visitinha, por que não convoca uma reunião com os Corpos Estáveis para explicar a quantas anda o processo para a realização do Concurso Público? Ou seria eu recebido pelo trepidante Braz? Cada uma...

      Beijão
      Henrique

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  5. Henrique

    Este seu esclarecimento, quanto ao local de trabalho do Sr. Carlos Braz, explica bastante a matéria tendenciosa que saiu há pouco, na mesma revista.

    Quanto a referência à sua idade, Helô disse-o muito bem.
    Faltou muita elegância.
    Faltou respeito à sua história de vida.

    Me impressiona a inversão de valores.

    Nossa arte atravessa o tempo e é através do conhecimento e da sabedoria dos mais "antigos", que vamos montando nossas referências, nossos valores, nossas concepções artísticas, nossos paralelos, nosso referencial. Tudo isso seria impossível, caso nosso conhecimento se baseasse apenas no jovial.

    E não só na arte, penso eu.

    Henrique, você faz parte da história do Theatro, faz parte da história da ópera e da música clássica.
    E acho que seria uma excelente oportunidade para muitos, saber da história que esta sua idade respeitosamente acumula; é de inestimável valor.
    Talvez muitas destas questões discutíveis, não precisariam ser tão discutíveis.

    Assim como você, nós também esperamos um encontro com Maestro Karabtchevsky para sabermos mais detalhes sobre o ano de 2013 para o Theatro Municipal.

    Desejo que a toda a experiência, ao longo da existência do Maestro Karabtchevsky traga-nos uma boa programação para o nosso Theatro.

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    1. Jesuina,

      Obrigado pelas palavras carinhosas e amigas. Algumas pessoas que estão no Theatro Municipal (só estão, e já têm até prazo para sair) conhecem tão pouco sobre a instituição onde trabalham que seria demasiado exigir que tivessem o cuidado de conhecer um pouco sobre o perfil do público que frequenta e vive o Theatro desde antes delas nascerem, como é o meu caso. A referência à minha idade -vai ver o trepidante Braz nem sabe quantos anos eu tenho- pegou mal para quem vai ter como chefe o Maestro Karabtchevsky, um homem que está na estrada há setenta e oito anos. Como lembrou o Marcos, deve ter sido com a intenção de desqualificar-me. Se foi, quebrou a cara.

      O que terá incomodado tanto a assessoria de imprensa do TM nessa pequena nota sobre a chegada ao Theatro de Isaac Karabtchevsky? Só posso dar boas vindas a uma personalidade importante em quem os artistas e o público podem depositar as melhores esperanças. Não apenas em relação à programação de 2013, mas principalmente sobre o futuro do TM a médio e longo prazos. Karabtchevsky tem experiência, conhece profundamente o Theatro Municipal e sabe planejar. Ele tem consciência de que a programção de um teatro de ópera como o Municipal deve ser montada com três, quatro anos de antecedência. Pois o ano já começou e ele terá que correr contra o calendário e enfrentar as agendas já comprometidas dos grandes solistas. E tendo que resolver a situação difícil dos Corpos Estáveis. Saberemos dar esses descontos.

      Minha grande esperança é que Karabtchevsky consiga reconstruir ou recosturar a História do Theatro Municipal, tirando-a do limbo da discurseira vazia e dos "books" comemorativos e tratando-a como algo vivo, fonte criadora e base da realização do presente e construção do futuro.

      Grande abraço
      Henrique

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  6. Bravo! Adorei todos os comentários e penso que a essa altura o Sr. Carlos Henrique deve estar arrependido das bobagens que escreveu no blog, pois ele realmente não tem a menor noção do grande conhecimento sobre ópera e música clássica que nosso pai, o jornalista Henrique Marques Porto, nos deixou de herança. Nascemos ouvindo e respirando a boa música, passamos grande parte de nossa infância por todos os cantos do TMRJ, inclusive interpretando papéis infantis nas montagens de grandes óperas que eram apresentadas nas temporadas líricas das décadas de 50 e 60, tendo ainda a oportunidade de assistir a excelentes espetáculos e ensaios de óperas e conviver com artistas que brilhavam na cena lírica da época. Esse teatro faz parte da nossa história de vida e jamais deixaríamos de lutar pela sua sobrevivência. A maior herança deixada por nosso pai foi a paixão pela boa música, a música de Verdi, Puccini, Wagner, Mozart, Bach e tantos outros que aprendemos a amar naquele teatro. Minha irmã Comba chegou a fazer carreira artística que se iniciou aos 04 anos de idade e terminou aos 10 ou talvez 11 anos, atuando em Madame Butterfly várias vezes, Zazá, Gianni Schicchi, dentre outras. Sem nenhum pedantismo, me desculpem, mas nesse caso não posso deixar de dizer aquela célebre frase, que em muitas situações soa deselegante e muito feia, mas aqui se tornou irresistível: o Sr. Carlos Henrique realmente "não sabe com quem ele está falando"!

    Mary Marques Porto (que aos 08 anos de idade interpretou a filha de "Sóror Angélica", ópera de Giacomo Puccini.

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  7. Aos que tentam destruir a cultura dos povos.....

    https://www.youtube.com/watch?v=G_gmtO6JnRs

    http://www.youtube.com/watch?v=m-FIBRopDWo

    https://www.youtube.com/watch?v=ptaGSxd-uQE

    Mauro Nascimento
    6 de janeiro de 2013 06:23

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  8. O rio ja ostentou o título de capital cultural do Brasil. Prepara-se, hoje, para atrair atenções mundiais para os certames que irá acolher proximamente a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Justamente agora foi-nos imposta uma gestão no nosso belo e tradicional TM que primou pela incúria, pela inação, gerando um marasmo na programação da Cidade. Nem a presença próxima de São Paulo com vibrante programação de 12 óperas, inúmeros concertos com sua pujante OSESP, de qualidade musical reconhecida mundialmente, comoveu-os. Falar em Viena com suas 300 óperas anuais, Nova York com seu Metropolitan cujas apresentações temos a sorte de ver até em nossos cinemas, seria até risível. Nada disto comoveu a dasastrada administração que permanece em sua incrível inércia, afrontando a tradição cultural do Rio de Janeiro, mostrando ao mundo, que hoje está focado em nós, a imagem de um País que despreza a Cultura, que usa seu belo Teatro para aluga-lo para eventos sem nenhuma expressão. É impossível mesmo para um trêfego Relações Públicas explicar tanta incompetência, tanto descaso no trato da coisa pública.

    Ildefonso Côrtes

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  9. Pois, Henrique... Essa direção administrativa do TM vai mesmo mal das pernas. Até as tentativas de diálogo, por assim dizer, soam desastrosas... Que convite esquisito é esse que lhe fez o tal do Sr. Braz!

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    1. Comba,

      "Quem convida dá banquete" -diz o dito popular. Mas não sou exigente e nem peço demais. O repórter Braz poderia falar com a chefe e mandar para o Opera Sempre um resumo do Balanço Financeiro do Theatro Municipal, acompanhado de Relatório de Atividades do ano de 2012. Este pode ser completo, pois se fizerem um resumo não completarão três linhas, incluindo o título. Publicaria com prazer. E sem cobrar nada!
      Afinal, o TMRJ, por sua assessoria de comunicação (posso considerar como correpsondência oficial, ou quase isso) afirma a disposição de: "sanar [minhas] dúvidas e mostrar que as realizações desta Fundação resultam de um árduo trabalho.".
      Pois minhas dúvidas são precisamente em relação às contas e às atividades. Simples assim.

      beijão
      Henrique

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  10. Boa sugestão, Henrique. Para não se dizer que tudo não passa de uma questão de implicância de um velho senhor, hheheh!
    Aliás, a D. Julieta Palhares ainda não se manifestou. Será que ela está fora do Rio? Afinal, o calor está de matar passarinho...
    Beijos.

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